Escrevi isso em 11/02/04 no falecido blog "os Críticos"
Não há limite para a lúcida observação e análise articulada. Sempre haverá o que dizer sobre tudo e sempre é possível sustentar posições contrárias sobre todos os temas. As palavras não se cansam de ser usadas e nós jamais nos cansaremos de ouvir nossas próprias vozes a entoar argumentos em qualquer direção.
A crítica é também uma tentação. Seja o ato ou a simples postura. Enquanto nos ocupamos de apontar o que está errado nos outros, no mundo ou em nós, não nos sentimos desafiados a arregaçar as mangas e fazer algo.
Lembro de um filme em que o Gerard Depardieu fazia o papel de Cristóvão Colombo (acho que o nome do filme é "1492") e tinha um cara que ficava pegando no pé dele direto, mostrando cada coisa que ele fazia errado. Lá para o final do filme, tem uma cena em que o Colombo vira para ele e diz mais ou menos o seguinte: Daqui a 500 anos, não vai fazer a menor diferença se eu assinei ou não esses papéis, se eu requeri isso antes ou depois daquilo. O que vai fazer diferença é que EU FIZ E VOCÊ NÃO.
A verdade é que nosso extremo senso crítico pode nos ser prejudicial. Na medida em que ele nos faz enxergar com precisão o tamanho das impossibilidades, ele é capaz de nos paralisar, impedir a ação. Quantas pessoas medíocres você conhece que efetivamente realizaram grandes coisas? Várias! E se você ouve suas histórias descobre que, muitas vezes, elas se limitaram a colocar em prática 3 ou 4 regras em que decidiram acreditar ferozmente, ignorando inúmeras variáveis e com uma visão muito benevolente de seu próprio potencial. Em outras palavras, elas nem sabem o quanto não sabem. E até por isso são mais capazes de acertar.
Sendo assim, fica aqui dedicada à própria crítica a minha primeira participação como crítico. Acho que não tinha forma melhor de começar.
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