quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Resposta ao Henrique

O Henrique escreveu em seu blog uma breve resposta a uma indagação minha.
http://palavrasdelonge.blogspot.com/2008/09/uma-breve-resposta.html#links
Eu respondi a resposta com o texto abaixo.

Tomo como à minha pergunta a resposta breve ora posta. Se faço certo ao assim supor, quero, como outrora, expôr como enxergo as coisas.
Quando indaguei a razão da eleição freqüente do homossexualismo para ilustrar sua indignação para com todas as formas de preconceito que se pode encontrar na sociedade, a resposta dada de imediato - e sem nenhuma surpresa aparente - caminhou na direção da crítica a todas as formas de se impor modelos absolutos, a reducionismos comportamentais, a limitadas compreensões da diversidade humana etc.
Talvez após mais detida reflexão, aqui você busca responder a mesma questão pelo caminho da “fidelidade a si mesmo” e “sentido de dever”. A “auto-fidelidade” derivada de uma proposição de não se calar diante do que te parece absurdo e aviltante. Uma necessidade de gritar aos quatro ventos “isso está errado!” Enfim, uma recusa por se calar perante o injusto. O “sentido de dever” vem da percepção da qualidade de seu pensamento e de sua escrita, que devem ser postos a serviço da boa mudança, do convencimento dos que precisam enxergar as coisas de uma forma mais esclarecida, compreender o que ainda não alcançaram.
Por fim, tanto aqui quanto outrora, você buscou afastar como balelas os modelos que se querem “certos” e os julgamentos dos obtusos que taxam de “errado” o que não compreendem. É por isso que tanto lá quanto cá respondo com o que você chamou de retórica, mas que continua fazendo muito sentido para mim.
O meu ponto de vista é que não existe “relativismo absoluto”. Não se pode tomar como verdade absoluta a percepção de que não existem absolutos, porque pode ser que eles existam. Se queremos ser tão criteriosos na nossa desconstrução do status quo, não podemos desprezar a variável de que mesmo as nossas premissas não são as “certas”, mas apenas hipóteses. Em outras palavras, nem mesmo a assertiva de que não existem absolutos pode ser tomada como um absoluto sob pena de negação dela mesma.
Com isso, peço que você não seja tão impiedoso com a religião, nem mesmo com sua forma mais engessada que é a igreja, já que ela é toda composta de pessoas feitas de um barro bem ordinário, capazes de falhar miseravelmente até (e principalmente) em serem amorosas.
E a religião continuará tendo seus absolutos e acreditando neles. Não porque é cega ou pouco crítica, mas apenas porque ela escolheu acreditar. Ainda que a realidade seja maior e o mundo muito mais complexo do que a percepção de qualquer um de nós, a religião enxerga ordem no caos e dá a essa força amorosamente ordenadora o nome de Deus. E, então, acredita que esse amor se fez pessoa, e se fez três, e se fez gente para se fazer acessível. O que era verbo/palavra/poder, veio fazer o que não podíamos. E se desfez de tudo para se fazer salvador. Doou-se porque precisávamos e porque Ele se importa. E se refez porque Ele pode e se mantém porque se basta. E continua se importando conosco apesar de nós mesmos porque Ele é todo amor.
Forte abraço do seu amigo,
Pedro

Um comentário:

Entre brisas e tempestades disse...

Acho bom podermos questionar tudo com a liberdade de quem não se pretende sábio. Melhor ainda é poder reter só o que é bom (alguém já disse isso). Acho melhor ainda poder encontrar alicerces que se sustentam ao longo da história simplesmente porque são base dA Verdade. Acho ainda melhor pensar que tudo pode mudar, tudo pode passar, deixar de existir na medida em que a humanidade caminha, mas que existem elementos que vão fazer sentido prá lá de nossa existência. Que transcendem nossa tola vontade de entender o mundo através de tanta desconstrução. Maravilhoso saber que essa Verdade é a que constrói o antes, o agora e, principalmente o depois. Conforto traz à alma saber que dEla emanam verdades absolutas ainda que muitas vezes se confrontem com os erros de visão que temos hoje acreditando serem "liberdades de escolha". Essas liberdades talvez não sejam tão libertárias como muitos pretendem. Elas já eram previstas e se faziam reais há séculos. Como também disse alguém: nada de novo se faz. Tudo é repetição. A única coisa que de fato é capaz de trazer novidade com repercussão eterna é A Verdade. Essa nunca vai deixar de existir. Ainda bem que tô do lado dela. A outra verdade em que acredito é: te amo e morro de orgulho de vc.
Thais Leitão