quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Da série "Poeta? Eu?! Que isso..."

São coisas mais antigas que resolvi, agora que tenho um blog, colocar por aí.


Não e sim

Espero que entendam cada não meu
Como um sim que não deu
Não me faço muitos por não poder e não sei se quereria
Talvez não mil, mas dois ou três
Não sei se sou menos do que esperam e exigem mais do que posso,
Não sei se percebo errado quando entendo cobrança o que não passa de abraço
Sei que não sou mil e não sou mais. Eu sou um de mim e é o que ofereço.

Em forma de trôpegos bocejos é que se apresenta o que de mim resta.
Há ainda uma frase solta e um olhar ou outro de uma verdade que já não sou.
Esvazio-me de mim à medida que me enchem de tudo
Não tenho tempo para ser, apenas para reagir.


Ensimesmado

Memórias francas não cristalizam a visão
Ruídos densos, pesam em cinza mudez
Remotas portas de um quase talvez
Mostram a crista de um doce senão
Espinhos do sufoco
Picuinhas de assobio largo e entre
O tudo o outro o quase o meio o fim o nada e o também
Mesmice de acaso tedioso: chato, cheio, feio fato

O ar que lava o sempre também trava o ato
E molha o mato e seca o prato e dói de fato
Escuro e claro: contínuo gotejar de vontade
Estranho exalar de metade
Comida de mal, coisa de estalar e vinho
Estrada e enxada, vazio sem osso e espuma
Fim, ferro, fogo.
Sem fada, a fama é nada.

Um comentário:

Entre brisas e tempestades disse...

Amo o seu estilo. Poético, inteligente, sensível. Te amo!